A instituição da Páscoa
A palavra “Páscoa” no hebraico é “Pesah”, vem de um verbo que significa “passar por cima”, no sentido de “poupar”. A festa da Páscoa, dos Pães Asmos e da Dedicação dos Primogênitos nos leva aos acontecimentos da saída de Israel do Egito. O fato de comerem o pão sem fermento lembra a pressa do povo naquela noite memorável. E o fermento terá, no Novo Testamento, o significado de contaminação ou “pecado”. Comer o pão asmo, ou sem fermento, nos fala da nova vida em Cristo. A libertação do Egito é radical e leva à santidade, por meio do perdão dos pecados e de uma nova conduta em direção à Terra Prometida. E a dedicação dos primogênitos nos fala sobre consagração total da vida a Deus. “Nascer de novo” é estar em aliança com Deus, totalmente dedicado a ele.
No calendário judaico, o primeiro dia do ano foi estabelecido pelo Senhor em comemoração à festa da Páscoa. “Este mesmo mês vos será o princípio dos meses; este vos será o primeiro dos meses do ano.” (Ex 12.2). É o mês de “abibe”, posteriormente chamado de “Nisã”. O Senhor deu todos os detalhes de como Israel deveria fazer para ser livre da morte que passaria sobre o Egito na noite da última praga de Moisés.
“Falai a toda a congregação de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo as casas dos pais, um cordeiro para cada família [...]
O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras. E o guardareis até ao décimo quarto dia deste mês, e todo o ajuntamento da congregação de Israel o sacrificará à tarde. E tomarão do sangue, e pô-lo-ão em ambas as ombreiras, e na verga da porta, nas casas em que o comerem. E naquela noite comerão a carne assada no fogo, com pães ázimos; com ervas amargosas a comerão.” (Ex 12.3,5-8).
É belíssimo o significado dessa festa nacional sob a luz do Novo Testamento. O cordeiro tipifica Jesus. Seria macho, sem defeito. Somente Jesus Cristo entrou para a humanidade e viveu sem “defeito”, isto é, sem pecado. Somente ele poderia cumprir toda a “justiça” de Deus.
Em Êxodo 12.46 e Números 9.12 ficou determinado que nenhum dos ossos do cordeiro pascal deveria ser partido, este detalhe foi cumprido de maneira impressionante na crucificação de Jesus (Jo 19.36).
O seu sangue seria derramado para que a morte não penetrasse nas casas onde houvesse sua marca nas duas ombreiras e na verga das portas. É interessante perceber que a verga, de acordo com o dicionário, constitui-se em peça que se põe horizontalmente sobre as ombreiras de porta. Ou seja, o sangue do cordeiro era colocado no sentido vertical e também passado no horizontal. Isto nos lembra a cruz com suas duas hastes: vertical e horizontal…
O cordeiro seria imolado no “crepúsculo da tarde”, isto é entre meio dia e o pôr-do-sol. A morte de Jesus se deu exatamente nesse horário, por volta da hora nona (três da tarde) – Mt 27.45-46; Mc 15.33-34; Lc 23.44.
A família deveria comer a carne do cordeiro assada, sem nada deixar para o dia seguinte. Todos juntos e prontos para partir a qualquer momento: vestidos com suas roupas de viagem, de sandálias nos pés e cajado na mão. Com toda a mudança pronta para partir para outra nação. Outro lugar. Outra língua. Outros costumes completamente diferentes do Egito. Aquele seria o último dia sob escravidão. Ao partir, naquela noite, estariam livres. Liberdade para sempre! Canaã os aguardava. Egito, nunca mais…
O Evangelho é para a família: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa.” (At 16.31). A Páscoa nos fala de salvação para a família. Todos juntos dentro de casa, salvos pelo sangue colocado nos umbrais (ombreiras) e na verga das portas. E Moisés ensinou como a família deveria comemorar esse dia: “E acontecerá que, quando vossos filhos vos disserem: Que culto é este? Então direis: Este é o sacrifício da páscoa ao Senhor, que passou as casas dos filhos de Israel no Egito, quando feriu aos egípcios, e livrou as nossas casas. Então o povo inclinou-se, e adorou.” (Êx 12.26-27).
A morte de Jesus e a Páscoa
“E era a preparação da Páscoa, e quase à hora sexta; e (Pilatos) disse aos judeus: Eis aqui o vosso Rei.” (Jo 19.14). Jesus foi entregue para a morte exatamente no dia da Páscoa. No dia do sacrifício do cordeiro pascal, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” foi “imolado”. E Ele tinha dito aos discípulos que Ele era o “Pão vivo” que descera dos céus, e que deveria ser o “alimento” para todos os que desejassem a salvação… (Jo 6.51) “Eu sou o Pão Vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo.” O Senhor anunciou o seu sacrifício por nós. Ele tomou sobre si o nosso castigo, isto é, a nossa morte, por causa do nosso pecado e nos deu a sua própria vida. Ele se fez o “filho do homem” para nos fazer “filhos de Deus”.
Assim como a morte não entrou nas casas onde havia a marca do sangue do cordeiro pascal, assim também, quando a pessoa tem no coração a marca do sangue do “Cordeiro de Deus”, fica livre da condenação e da morte eterna, aleluia! Somente a marca do sangue pôde livrar da morte, no Egito, naquela noite memorável. Somente o sangue de Jesus Cristo, o Filho de Deus, pode nos limpar de toda culpa do pecado e nos trazer vida abundante.
A ressurreição e a promessa de Deus para nós
A Páscoa nos fala da morte do Cordeiro de Deus, mas também nos lembra a sua ressurreição três dias após a crucificação. Paulo nos ensina a respeito da nossa ressurreição e da vida eterna com Cristo. Esta é a esperança cristã. Aguardamos o cumprimento das maravilhosas promessas do Senhor para nós. Um dos capítulos mais lindos da Bíblia é 1 Coríntios 15, pois esta passagem nos fala sobre a ressurreição.
“Porque assim como a morte veio por um homem, também a ressurreição dos mortos veio por um homem. Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo. Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda. Depois virá o fim, quando tiver entregado o reino a Deus, ao Pai, e quando houver aniquilado todo o império, e toda a potestade e força. Porque convém que reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés. Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte.” (1Co 15.21-26).
É maravilhoso saber que nós seremos tais como Jesus, na ressurreição. “Vede quão grande amor nos tem concedido o Pai, que fôssemos chamados filhos de Deus. Por isso o mundo não nos conhece; porque não o conhece a ele. Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifestado o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos. E qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele é puro.” (1Jo 3.1-3).
A Páscoa, portanto, nos fala da nova vida, do perdão dos pecados e da ressurreição para a glória eterna, aleluia! “E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória.” (1Co 15.54).
Nenhum comentário:
Postar um comentário